Com cinco gols marcados ainda no primeiro tempo, alemães fizeram 7 a 1 no time de Felipão
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Adrian Dennis / AFP
Foi constrangedor, do início ao fim. Um suplício. O que se viu foi um time organizado, compactado, capaz de fluir um contra-ataque com meia dúzia de passes rápidos e se fechar em bloco logo em seguida em questão de segundos. Esta era a Alemanha.
Do outro lado, um Brasil desprotegido no meio-campo, aberto, varzeano, uma baderna tática, errando lances bisonhos e assustado com a superioridade do oponente. Sem Neymar, Luiz Felipe Scolari poderia ter sido humilde e se defendido, reconhecendo o melhor futebol do adversário.
Até treinou com Paulinho em seu lugar, formando um tripé de volantes para marcar o setor mais forte dos alemães, que há anos todos sabem ser o meio-campo. Mas Felipão resolveu abandonar suas origens e se abriu, com toques de soberba. Escolheu o pequenino Bernard, escancarando suas entranhas. A Alemanha se serviu.
O primeiro tempo foi humilhante.
Bernard, escalado para ser a surpresa corajosa de Felipão, tornou-se um fracasso. Mal tocou na bola. Sumiu diante do gigante Hoewedes, o lateral-esquerdo que o marcou. Hulk, do outro lado, seguiu igual aos outros jogos. Força, vontade, espaço para avançar mas, quando tinha de tocar na bola, errava.
Oscar jogou ao lado de Luiz Gustavo, incompreensivelmente. Assim, com a linha de três atrás de Fred em total naufrágio, nem deu para culpar o centroavante, de novo inoperante.
Diante deste cenário, em pouco menos de meia hora, o maior fiasco brasileiro em toda a sua história de Copas estava consumado. Depois do primeiro gol, de Müller, logo aos 10 minutos, a Seleção se desintegrou. Ninguém entendia nada no Mineirão. Aos 22, Klose marcou o seu 16º gol em Mundial, superando Ronaldo. Até isso.
Aos 24, Kroos aumentou. Não perca a conta. 3 a 0. Aos 25, o mesmo Kroos, se aproveitando de uma lambança de Luiz Gustavo e Fernandinho à frente da área, formou o quatrilho. Aos 29, Khedira, um dos volantes que o Brasil não se importou em marcar, se desprendeu lá de trás e fez o quinto gol.
A partir daí, foi treino.
Os alemães cantavam "Rio de Janeiro, ô, ô, ô", trocando o jota por xis. Os torcedores brasileiros se olhavam, atônitos. Outros choravam. Depois, xingaram Fred, quando este atrasou uma bola para o goleiro. Em seguida, repetiram a dose com Oscar. E até Bernard. E quase todos os jogadores brasileiros.
Por compaixão, a Alemanha tirou o pé no segundo tempo. As entradas de Paulinho e Ramires nos lugares de Fernandinho e Hulk, é claro, melhoraram o Brasil na volta do intervalo. Dois volantes, que ajudaram a marcar o forte meio-campo alemão. Paulinho quase assinalou o de honra aos 8 minutos, obrigando Neuer a se aquecer um pouco e fazer ótima defesa.
O jogo escorreu pelo ralo da vergonha, com a Alemanha tendo piedade do Brasil, até o apito final do mexicano Marco Rodríguez. Ainda houve tempo para Schürrle fazer o sexto e o sétimo. E o que se viu no Mineirão foi a história ao contrário. O gol de honra de Oscar foi quase uma galhofa.
Em vez de superar a ausência de Neymar com superação e valentia, a tragédia esportiva. O futebol brasileiro nunca mais esquecerá o seu pior fiasco em todos as Copas.
COPA DO MUNDO, SEMIFINAL, 8/7/2014
BRASIL
Julio César; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho (Paulinho, int), Bernard, Oscar e Hulk (Ramires, int); Fred (Willian, 25'/2ºT)
Técnico: Luiz Felipe Scolari
ALEMANHA
Neuer; Lahm, Boateng, Hummels (Mertesacker, int) e Höwedes; Schweinsteiger, Khedira (Draxler, 31'/2ºT), Kroos, Özil e Müller; Klose (Schürrle, 12'/2ºT)
Técnico: Joachim Löw
Gols: no primeiro tempo, Thomas Müller, aos 10, Miroslav Klose, aos 22, Toni Kroos, aos 23 e aos 25, e Sami Khedira, aos 28 (A); no segundo tempo, Andre Schürrle (A), aos 23 e aos 33, e Oscar (B), aos 45
Cartão amarelo: Dante (B)
Arbitragem: Marco Rodríguez, auxiliado por Marvin Torrentera e Marcos Quintero
Local: Mineirão, Belo Horizonte, 17h