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domingo, 12 de maio de 2013

Carros clonados usam placa, chassi e documentos de carro original.




Crime envolve roubo, adulteração de veículo e venda de documento falso. No Brasil, estima-se que 37 mil carros sejam clonados por ano..
No Brasil, todos os anos 370 mil carros são roubados. Estima-se que, dentre eles, 37 mil sejam clonados. Os veículos clonados usam placa, chassi e documentos copiados de outro carro. Assim, pode circular sem chamar a atenção da polícia e até ser negociado. .
Em Porto Alegre, a reportagem do Fantástico mostrou dois carros do mesmo modelo e cor. Um deles sempre passou sem qualquer problema por postos policiais. “Nunca tive problema nenhum, sempre fui abordado”, diz o dono do carro clonado. "A gente começou a pesquisar e foi ver que o meu carro tinha problemas ou o outro".
O dono do carro original conta que recebeu uma multa de uma cidade onde não esteve, mas nunca desconfiou de clonagem. “Até a numeração do chassis é a mesma, gravada nos vidros, não tem diferença”, diz Alessandro Oliveira Leal. “Como é que uma coisa dessa pode estar acontecendo comigo, né? É estranho”, diz.
Para chegar ao verdadeiro número do chassi do “clone”, o perito Luciano Soares precisou lixar muito, usar removedor de tinta e um ácido. Com o número, a reportagem localizou o empresário que era o dono do carro antes da clonagem. Ele conta que teve o carro roubado.
“Quatro elementos saíram armados e no momento que eu vi a arma na mão de um deles eu disse pro meu colega: É um assalto, vamos sair do carro”, disse.
Após o assalto, o carro ganhou nova identidade para poder circular. O carro clonado foi entregue à polícia com os documentos falsos.
Para não comprar um carro falso, é preciso desconfiar de preços muito baixos. “Em segundo lugar, verificar numeração do motor porque é um dos poucos locais que não é mexido pelo falsário. (...) O comprador deve entrar em contato com o proprietário cujo nome consta no Detran (Departamento Estadual de Trânsito) do estado para verificar se esse proprietário por acaso não está de posse de outro veículo com as mesmas placas”, orienta o delegado Heliomar Franco.
Preço baixo
Em Porto Alegre, um homem oferece carros por preços abaixo dos praticados no mercado.
“Tu tem alguma coisa pra negociar?” “Tem um Corolla, um Eco. (...) A Eco é 2006, vermelha. Vai sair uns cinco pila.” “Cinco?”
No mercado legal, o carro custaria R$ 35 mil. O homem também vende documentos falsos. Por R$ 250, a reportagem encomendou um documento de 2009 que, em 24 horas, ficou pronto.
Em uma oficina que estaria envolvida no esquema, os carros roubados ganham aparência de legalidade. O serviço de clonagem custa R$ 1,5 mil.
“Chassi, vidro, etiqueta?” “Tudo, documento, procuração.” “Mas o documento é bom?” “Bom.”
'Empresa'
Um homem que já fez parte do esquema diz que as quadrilhas especializadas em clonagem de carros funcionam como uma empresa.
“Ela se estrutura com base de várias pessoas: aquele que só dirige, aquele que rouba os carros, aquele que cuida, que faz os documentos, aquele que faz o carro botando chassi, numeração, vidro, tudo. E aquele que transporta ele clonado depois e vende.”
Também há relatos de propina. O mecânico fala de um pedido feito em sua oficina por três policiais. “Se me arrumar vinte até a meia noite, era umas nove horas, até a meia noite se me arrumar vinte, nós "liberemo".” Ele aceitou pagar R$ 20 mil, e os policiais aceitaram esperar que ele terminasse a clonagem.
O clone do clone
Quadrilhas de clonagem costumam ter ramificações internacionais. Câmeras instaladas na Ponte da Amizade, entre Foz do Iguaçu e Ciudad Del Este, no Paraguai, fotografam os veículos.
Se algum estiver na lista de roubados, um alarme é disparado. Os criminosos, então, passaram a dar preferência aos carros clonados para negociar no país vizinho. O esquema também teria a participação de funcionários da alfândega paraguaia.
Carros roubados, que cruzam a fronteira com identidade de outros carros, podem ser trocados por droga no Paraguai. Para correr menos riscos, as quadrilhas criaram uma nova rota via Guaíra, a 150 km de Foz do Iguaçú. Os veículos atravessam a fronteira em balsas ou pela alfândega e chegam a Salto del Guairá, no Paraguai.
Um receptador conta que os carros roubados no Brasil ganham logo uma placa paraguaia. É a clonagem da clonagem.
O chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, João Paulo Martins, afirmou que as denúncias de corrupção envolvendo policiais gaúchos serão investigadas.

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