AGORA SE FAZ DE VÍTIMA ... Um brasileiro na guerrilha do Araguaia. Parte do discurso do Coronel Lício Augusto Maciel na Câmara dos Deputados,
em sessão solene em homenagem aos combatentes mortos no Araguaia, realizada
no dia 26 Jun 2005. "O grupo do Genoíno esquartejou um rapaz de 17 anos no Araguaia! Cortaram
primeiro uma orelha, na frente da família, no pátio da casa do Antônio Pereira;
cortaram a segunda orelha; o rapaz urrava de dor; a mãe desmaiou. Eles continuaram,
cortaram os dedos, as mãos e, no final, deram a facada que matou João Pereira, de
17 anos. Pois bem, eles fizeram isso apenas porque o rapaz acompanhou uma patrulha
do Exército durante 6 horas, para servir de exemplo aos outros moradores, de forma
que não tivessem contato com o pessoal do Exército ou das Forças Armadas". "Genoíno, olhe no meu olho, você está me vendo. Eu prendi você na mata e não
toquei num fio de cabelo seu. Não lhe demos uma facãozada, não lhe demos uma
bolacha, coisa de que me arrependo hoje." Como participante dos acontecimentos que passo a relatar, fiz apenas um resumo
dos itens mais perguntados, porque a dissertação será por rememoração dos fatos.
Para isso, tiro os óculos, a fim de que aqueles que vou citar me olhem bem no
fundo dos olhos e tenham suficiente coragem de afirmar que tudo o que foi dito
aqui é a pura verdade -se bem que não há necessidade, porque eles mesmos já
confirmaram em outras ocasiões. Genoíno, aquele rapaz foi esquartejado! Peguei aquele papel e ainda comentei com ele: "Pô, meu amigo, tu és um cara
importante desse negócio aí, hein?" E mandei o Genoíno para Xambioá, onde foi
recolhido ao xadrez e, posteriormente, enviado a Brasília. Três ou quatro dias
depois, não me lembro, veio a confirmação da identificação: o guerrilheiro
Geraldo era o José Genoino Neto. Triste notícia veio depois. O grupo do Genoíno prendeu um filho do Antônio
Pereira, aquele senhor humilde, que morava nos confins da picada de Pará da Lama,
a quilômetros de São Geraldo. O filho dele era um garoto de 17 anos, que eu não
queria levar como guia, porque ao olhar para ele me lembrei do meu filho, que
tinha a mesma idade. Eu dissera ao João: "Não quero levar o seu filho". Eu sabia
das implicações, ou já desconfiava. Mas o pobre coitado do rapaz nos seguiu
durante uma manhã, das 5h até o meio-dia, quando encontramos os três nos
aguardando para almoçar. Pois bem. Depois que nos retiramos, os companheiros
do José Genoíno pegaram o rapaz e o esquartejaram. Genoino, aquele rapaz foi esquartejado! Toda a Xambioá sabe disso, todos os moradores de Xambioá sabem da vida do
pobre coitado do Antônio Pereira, pai do João Pereira, e vocês nunca tiveram
a coragem de pedir pelo menos uma desculpa por terem esquartejado o rapaz!
Cortaram primeiro uma orelha, na frente da família, no pátio da casa do Antônio
Pereira; cortaram a segunda orelha; o rapaz urrava de dor; a mãe desmaiou.
Eles continuaram, cortaram os dedos, as mãos e, no final, deram a facada que
matou João Pereira. Pois bem, eles fizeram isso apenas porque o rapaz nos
acompanhou durante 6 horas. Para servir de exemplo aos outros moradores, de
forma que não tivessem contato com o pessoal do Exército, das Forças Armadas. Foi o crime mais hediondo de que já soube. Nem na Guerra da Coréia ou na do
Vietnã fizeram isso. Algo parecido só encontrei quando trucidaram o Tenente PM
Alberto Mendes Júnior. Esse Tenente PM se oferecera voluntariamente para
substituir dois subordinados que estavam feridos, capturados pela guerrilha do
Lamarca. Lamarca pegou o rapaz, castrou-o, obrigou-o a engolir os órgãos genitais
e trucidou-o. Pois o crime contra o João Pereira foi muito mais grave, muito mais horrendo.
E eles sabem disso. Peçam desculpas ao Antônio Pereira, se ele estiver vivo!
Tenham a coragem de reconhecer, pois toda a Xambioá sabe disso!
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