Levantamento de empresa britânica mostra desafio de investimento em cobertura a um ano das Olimpíadas
Segundo o estudo, a proporção máxima de tempo em que os usuários têm à disposição a rede 4G foi de 49,88%, na Claro. TIM e Vivo apresentaram resultados próximos, com 48,35% e 49,34%, respectivamente. Os usuários da Oi, por sua vez, só veem o sinal do 4G em 41,69% do tempo. A análise da OpenSignal abrange inclusive o desempenho quando o consumidor está em local fechado ou se locomovendo.
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Em países desenvolvidos, a proporção chega a ser quase o dobro da registrada pelas operadoras brasileiras, como mostra levantamento realizado em junho pela mesma OpenSignal. Na Coreia do Sul, por exemplo, o LTE (Long Term Evolution, tecnologia usada no 4G brasileiro) está acessível em 95% do tempo, contra 86% no Japão, 78% nos Estados Unidos e 64% no México. Em pelo menos 16% do tempo, aliás, os usuários das quatro operadoras brasileiras não conseguem acessar sequer o sinal 3G, sendo relegados à lentidão de tecnologias de segunda geração (2G), como GPRS e EDGE. A situação mais crítica foi encontrada na Oi, na qual os clientes têm 3G ou 4G à disposição apenas durante 59,63% do tempo — ou seja, durante 40% do dia, apenas o 2G está à mão. Na Vivo, as redes 3G ou 4G estiveram disponíveis em 83,35% do tempo, contra 81,35% da Claro e 71,37% na TIM.
Nesse quesito, a campeã foi a Nextel, mas o relatório não avaliou o 4G da operadora por causa da ainda reduzida quantidade de assinantes — em janeiro, sua participação do mercado 4G era de apenas 2,8%, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) compilados pela consultoria Teleco. No estudo, Nextel disponibilizou ao menos a rede 3G em 94,86% do tempo. Mas a participação de mercado da operadora no mercado 3G é inferior a 1%, o que resulta em uma rede menos “afogada” que as das concorrentes.
— Nosso último relatório global sobre o 4G, de maio, mostrou o Brasil na 20ª posição global de velocidade 4G mas na 30ª em termos de cobertura. Isso indica que as operadoras brasileiras precisam focar mais nessa parte. A velocidade do 4G é excelente, mas isso não adianta muito se você nem sempre consegue um sinal confiável — afirmou Brendan Gill, diretor-executivo da OpenSignal. — O desempenho do 4G no Brasil nos permite ser otimistas, mas ainda há um longo caminho até os padrões mais elevados estabelecidos globalmente.
VELOCIDADE DE DOWNLOAD ACIMA DA MÉDIA GLOBAL
A boa notícia do levantamento da OpenSignal é que três das quatro operadoras brasileiras obtiveram velocidade downloads no 4G acima da média global, que é 11,7 Mbps. A Claro apresentou o melhor resultado, com média de 17,82 Mbps, seguida pela Vivo (16,18 Mbps). A Oi ficou na terceira posição, com 11,76 Mbps, e a TIM ocupou a lanterna, alcançando apenas 10,57 Mbps.
Mas a firma britânica adverte que é comum que redes 4G com poucos usuários, como ainda é o caso da brasileira, apresentem altas velocidades de download. O Brasil encerrou maio com 11,8 milhões de acessos móveis via LTE, contra cerca de 168 milhões por tecnologia 3G.
— As operadoras vivem a dificuldade de conseguir liberação de espaço para instalação de novas antenas. Isso é um problema que dificulta melhorar a disponibilidade da rede 4G. Mas também existe o problema na rede que já existe. Se é tão difícil implementar novas antenas. as empresas deveriam estar investindo mais em otimização. Mas, infelizmente, muitas delas só fazem isso quando a situação já chegou a um extremo — afirmou Hermano Pinto, consultor de telecomunicações.
O estudo da OpenSignal foi conduzido em todo o território brasileiro entre 1º de maio e 31 de julho, com base em 177 milhões de tentativas de acesso realizadas por 82,5 mil usuários brasileiros do app da empresa para os sistemas Android e iOS.
OPERADORAS ALEGAM INVESTIMENTO REFORÇADO NO 4G
Procurada pelo GLOBO, a Oi afirmou, em nota, que destina mais de 80% de seu investimento para a rede, com foco em melhoria das redes móveis 3G e 4G e da banda larga fixa.
“Com isso, a companhia tem apresentado evolução na qualidade dos serviços prestados, como demonstram os índices da Anatel, órgão que realiza a medição oficial dos indicadores de qualidade dos serviços de telecomunicações no Brasil”, acrescentou.
A Claro disse que trabalha “continuamente para oferecer os melhores serviços e produtos de telefonia móvel em todo o país” e destacou que teve o melhor resultado de velocidade média do 4G no estudo da OpenSignal.
A Vivo, por sua vez, disse que “desconhece a forma de medição, a base de amostras utilizada e a conformidade dos índices apurados em relação a normas e regulamentos existentes, de forma a garantir que os resultados possam ser utilizados para comparação de atuação das operadoras”. A companhia disse que trabalha para cumprir os índices de desempenho determinados pela regulamentação vigente e informados à Anatel.
A TIM também afirmou que não conhece detalhes da metodologia da Open Signal e que “acredita que o processo de medições da empresa possa gerar inconsistências de avaliação no processo de coleta de dados e comparação dos indicadores”. A operadora informou que prevê chegar ao fim de 2017 alcançando mais de 80% da população urbana do país e que investiu R$ 2,85 bilhões, no ano passado, na aquisição de um lote da frequência de 700 MHz.
A Nextel também ponderou que “desconhece a metodologia aplicada para a pesquisa e reforça que monitora constantemente sua rede sempre com o objetivo de oferecer a melhor experiência ao clientes”. Segundo a operadora, sua rede costuma registrar taxas de velocidade média e velocidade instantânea “superiores às metas estabelecidas pela agência reguladora”. A firma disse estar investindo mais de R$ 1 bilhão em infraestrutura e rede este ano.
Todas as operadoras tiveram acesso ao estudo da firma britânica com antecedência.
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