Seis valores importantes para ensinar às crianças desde cedo
Não é segredo para ninguém: educar uma criança é difícil. Requer persistência e dedicação dos pais, principalmente para ensinar valores importantes para o futuro dos pequenos, como amor próprio, autocontrole, respeito ao próximo e honestidade. O aprendizado não acontece da noite para o dia, e sim ao longo da vida, segundo a pedagoga Isabel Parolin, de Curitiba. Daí a importância de persistir nas mensagens que deseja transmitir e repetir mil vezes cada não, por mais difícil que seja.
“A família tem um papel extremamente importante na formação do
indivíduo, mas há influências de outras pessoas, como professores, avós,
babás... E elas podem ser positivas ou negativas”, explica a educadora
Claudia Coelho Hardagh, de São Paulo. Veja, então, a descrição de cada
valor e como ensiná-los aos pequenos desde cedo:
1. Amor próprio
Amor próprio pode ser identificado como sentimento de autopreservação,
que impede que as pessoas se envolvam em situações de perigo que possam
ameaçar o equilíbrio emocional delas. Nas crianças, é algo mais sutil,
tem a ver com a construção da autoestima e na confiança da própria
capacidade para enfrentar diferentes situações.
Na prática: Tudo isso é adquirido por meio de elogios e incentivos para
enfrentar as dificuldades. E, perante alguma situação em que a criança
agiu de forma errada, é importante criticar o comportamento dela,
pontualmente, e não sua personalidade, de forma geral. “O mesmo vale
para os elogios: tanto a falta quanto o excesso só atrapalham”, diz
Isabel.
2. Autocontrole
É a capacidade de controlar, racionalmente, as reações ligadas a
emoções, afetos e sentimentos. É por meio do autocontrole que a criança
descobre seus limites, elege prioridades e traça suas metas e seus
objetivos.
Na prática: Ensiná-las a ter autocontrole, porém, não é fácil. Você
precisará enfrentar a fase da birra, persistindo com sua opinião e forma
de educar. Se a criança agir errado e fizer manha, converse, mostre em
que ela errou e coloque-a para pensar. Exija que ela peça desculpas, mas
que entenda o motivo de ter que se desculpar. Tenha em mente que bater
não resolve em nada o problema, ok?
3. Escolha
Desde bem cedo, é importante mostrar para a criança que ela não pode ter
tudo o que quer e, por esse motivo, deve praticar o exercício da
escolha, seja em relação a suas vontades, seja no que se refere a
objetos, brinquedos etc. “Ensine ao pequeno que uma escolha é sempre,
também, uma perda: ‘Lembra que você escolheu isso? Então é isso que você
terá’”, sugere Isabel. O exercício de escolhas está ligado ao de
autocontrole. Se a criança chorar, fizer birras, será preciso acalmá-la
para explicar os prós e os contras de sua decisão.
Na prática: É muito comum, na fase de 3 a 4 anos, a criança ter
dificuldade de dividir seus brinquedos e não emprestar para seus amigos.
Essa é a oportunidade para mostrar que ela pode escolher dividir suas
coisas ou ficar sozinha, sem amigos. “Explique que fazer acordos é algo
admirado pelas pessoas e que vale a pena”, diz Claudia.
4. Honestidade
Não há uma definição única para a honestidade. É um valor ético,
fundamental para o convívio social. Ensinar à criança o que é
honestidade leva tempo e depende de suas próprias atitudes, exemplos e
conversas.
Na prática: É comum crianças pegarem objetos, brinquedos dos coleguinhas
da escola e levarem para casa. “Isso ocorre porque não há entendimento
de propriedade, até porque, na escola ou no clube, brincam com tudo sem
perceber que os objetos pertencem a alguém”, explica Claudia. Cabe aos
pais mostrar que aquilo não é da criança, fazerem com que ela perceba o
erro e devolva o objeto, pedindo desculpas. Esse processo deve ser
educacional, e não um castigo causador de brigas. “Se a atitude
persistir, a conversa pode ser mais rígida”, orienta Claudia.
5. Jogo de cintura
O jogo de cintura nada mais é do que ter flexibilidade, ou seja,
capacidade de driblar situações de conflito. Para as crianças, é preciso
ensinar seu significado desde cedo para que aprendam que suas vontades
não serão sempre atendidas, mas que, ainda assim, terão escolhas e devem
agir educadamente.
Na prática: Você não conseguirá ensinar seu filho a ter jogo de cintura
se perde a paciência a cada problema que aparece. Seu exemplo o fará
compreender como ele deve agir quando acontece algo que não o agrada,
por isso, não seja tão rígida em seus pontos de vista. No convívio
familiar, é importante ter (e mostrar) tolerância. “Brigas constantes,
gritos e agressões verbais demonstram a falta de jogo de cintura”, avisa
Claudia.
Outro exercício, segundo Isabel, é contar para a criança um erro que
você cometeu e o que você fez para remediá-lo. “Eu errei o nosso
omelete. Agora a mamãe vai fazer o seguinte, vamos transformar isso em
uma farofa”, exemplifica.
6. Respeito
Respeito com os mais velhos, com os “diferentes”, com os animais, com a
vida... Ensinar a criança a respeitar os outros é a regra quando se fala
em educação infantil.
Na prática: Não há um jeito específico para ensinar o que é respeito. O
primeiro passo é respeitar também, permitir que a criança aprenda
assistindo a seu exemplo. Depois, é preciso ouvir as queixas dos
professores e educadores da escolinha e nunca não ignorá-las. Falar mal
das pessoas na frente das crianças também prejudica o ensinamento. Por
fim, é importante chamar a atenção da criança ao vê-la desrespeitando
outras pessoas, os animais e também o meio ambiente.
Idade certa
Os valores acima podem parecer um pouco complicados, mas devem ser
transmitidos, principalmente, por meio de suas atitudes (dando o
exemplo) desde o nascimento das crianças:
- Até os 2 anos de idade, a criança constrói e elabora conhecimentos sobre a realidade.
- A partir dos 4 anos, ela sai do simbólico e vai para o intuitivo. Nessa fase, já troca experiências com outras pessoas.
- Após os 7 anos, ela já é capaz de estabelecer compromissos, compreende as regras e já consegue ser fiel a elas.
A vovó e a mamãe
Muitas vezes, a visão que a criança tem sobre o papel da avó e o da mãe
fica conturbada exatamente porque a avó tende a tomar conta dos pequenos
nos primeiros anos de vida, quando a mamãe volta a trabalhar. É preciso
ter em mente que a avó não deve fazer o papel de mãe, mas também não se
esqueça de que ela é mãe e tem experiência.
Por isso, é importante conversar com os avós sobre a forma como você
quer educar seu filho. Deixe claro que a criança precisa deles tanto
quanto precisa de você e aceite opiniões. Ainda assim, se a dinâmica não
funcionar, vale adaptar seus horários para cuidar da criança ou até
procurar creches e escolas que possuem os mesmos valores que você. Dessa
maneira, você permite que a avó possa ser avó. “Nada mais gostoso do
que a vovó ir buscar a criança na escola, levá-la para jantar e depois
entregá-la para os pais”,
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