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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Rede 4G fica inacessível durante mais da metade do tempo no Brasil, aponta estudo

Levantamento de empresa britânica mostra desafio de investimento em cobertura a um ano das Olimpíadas

 

- Angel Navarette / Bloomberg
RIO - A pouco mais de um ano das Olimpíadas do Rio, que colocará à prova a infraestrutura de telecomunicações do país, a internet móvel 4G das quatro maiores operadoras do Brasil fica indisponível durante mais da metade do tempo. O problema foi identificado pela OpenSignal, empresa britânica especializada em monitoramento de cobertura móvel e que divulga nesta quinta-feira seu primeiro estudo (disponível neste link) dedicado exclusivamente ao país.
Segundo o estudo, a proporção máxima de tempo em que os usuários têm à disposição a rede 4G foi de 49,88%, na Claro. TIM e Vivo apresentaram resultados próximos, com 48,35% e 49,34%, respectivamente. Os usuários da Oi, por sua vez, só veem o sinal do 4G em 41,69% do tempo. A análise da OpenSignal abrange inclusive o desempenho quando o consumidor está em local fechado ou se locomovendo.

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Em países desenvolvidos, a proporção chega a ser quase o dobro da registrada pelas operadoras brasileiras, como mostra levantamento realizado em junho pela mesma OpenSignal. Na Coreia do Sul, por exemplo, o LTE (Long Term Evolution, tecnologia usada no 4G brasileiro) está acessível em 95% do tempo, contra 86% no Japão, 78% nos Estados Unidos e 64% no México. Em pelo menos 16% do tempo, aliás, os usuários das quatro operadoras brasileiras não conseguem acessar sequer o sinal 3G, sendo relegados à lentidão de tecnologias de segunda geração (2G), como GPRS e EDGE. A situação mais crítica foi encontrada na Oi, na qual os clientes têm 3G ou 4G à disposição apenas durante 59,63% do tempo — ou seja, durante 40% do dia, apenas o 2G está à mão. Na Vivo, as redes 3G ou 4G estiveram disponíveis em 83,35% do tempo, contra 81,35% da Claro e 71,37% na TIM.
Nesse quesito, a campeã foi a Nextel, mas o relatório não avaliou o 4G da operadora por causa da ainda reduzida quantidade de assinantes — em janeiro, sua participação do mercado 4G era de apenas 2,8%, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) compilados pela consultoria Teleco. No estudo, Nextel disponibilizou ao menos a rede 3G em 94,86% do tempo. Mas a participação de mercado da operadora no mercado 3G é inferior a 1%, o que resulta em uma rede menos “afogada” que as das concorrentes.
— Nosso último relatório global sobre o 4G, de maio, mostrou o Brasil na 20ª posição global de velocidade 4G mas na 30ª em termos de cobertura. Isso indica que as operadoras brasileiras precisam focar mais nessa parte. A velocidade do 4G é excelente, mas isso não adianta muito se você nem sempre consegue um sinal confiável — afirmou Brendan Gill, diretor-executivo da OpenSignal. — O desempenho do 4G no Brasil nos permite ser otimistas, mas ainda há um longo caminho até os padrões mais elevados estabelecidos globalmente.
VELOCIDADE DE DOWNLOAD ACIMA DA MÉDIA GLOBAL
A boa notícia do levantamento da OpenSignal é que três das quatro operadoras brasileiras obtiveram velocidade downloads no 4G acima da média global, que é 11,7 Mbps. A Claro apresentou o melhor resultado, com média de 17,82 Mbps, seguida pela Vivo (16,18 Mbps). A Oi ficou na terceira posição, com 11,76 Mbps, e a TIM ocupou a lanterna, alcançando apenas 10,57 Mbps.
Mas a firma britânica adverte que é comum que redes 4G com poucos usuários, como ainda é o caso da brasileira, apresentem altas velocidades de download. O Brasil encerrou maio com 11,8 milhões de acessos móveis via LTE, contra cerca de 168 milhões por tecnologia 3G.
— As operadoras vivem a dificuldade de conseguir liberação de espaço para instalação de novas antenas. Isso é um problema que dificulta melhorar a disponibilidade da rede 4G. Mas também existe o problema na rede que já existe. Se é tão difícil implementar novas antenas. as empresas deveriam estar investindo mais em otimização. Mas, infelizmente, muitas delas só fazem isso quando a situação já chegou a um extremo — afirmou Hermano Pinto, consultor de telecomunicações.
O estudo da OpenSignal foi conduzido em todo o território brasileiro entre 1º de maio e 31 de julho, com base em 177 milhões de tentativas de acesso realizadas por 82,5 mil usuários brasileiros do app da empresa para os sistemas Android e iOS.
Antena de 4G no Rio - O Globo
O 4G estreou no Brasil em 2013, após ter sido realizado o leilão das faixas 450 MHz e 2,5 GHz. No ano passado, a Anatel, promoveu o leilão da faixa de 700 MHz, espectro que permitirá maior penetração da tecnologia 4G mas que ainda demorará alguns anos para estar em pleno funcionamento.
OPERADORAS ALEGAM INVESTIMENTO REFORÇADO NO 4G
Procurada pelo GLOBO, a Oi afirmou, em nota, que destina mais de 80% de seu investimento para a rede, com foco em melhoria das redes móveis 3G e 4G e da banda larga fixa.
“Com isso, a companhia tem apresentado evolução na qualidade dos serviços prestados, como demonstram os índices da Anatel, órgão que realiza a medição oficial dos indicadores de qualidade dos serviços de telecomunicações no Brasil”, acrescentou.
A Claro disse que trabalha “continuamente para oferecer os melhores serviços e produtos de telefonia móvel em todo o país” e destacou que teve o melhor resultado de velocidade média do 4G no estudo da OpenSignal.
A Vivo, por sua vez, disse que “desconhece a forma de medição, a base de amostras utilizada e a conformidade dos índices apurados em relação a normas e regulamentos existentes, de forma a garantir que os resultados possam ser utilizados para comparação de atuação das operadoras”. A companhia disse que trabalha para cumprir os índices de desempenho determinados pela regulamentação vigente e informados à Anatel.
A TIM também afirmou que não conhece detalhes da metodologia da Open Signal e que “acredita que o processo de medições da empresa possa gerar inconsistências de avaliação no processo de coleta de dados e comparação dos indicadores”. A operadora informou que prevê chegar ao fim de 2017 alcançando mais de 80% da população urbana do país e que investiu R$ 2,85 bilhões, no ano passado, na aquisição de um lote da frequência de 700 MHz.
A Nextel também ponderou que “desconhece a metodologia aplicada para a pesquisa e reforça que monitora constantemente sua rede sempre com o objetivo de oferecer a melhor experiência ao clientes”. Segundo a operadora, sua rede costuma registrar taxas de velocidade média e velocidade instantânea “superiores às metas estabelecidas pela agência reguladora”. A firma disse estar investindo mais de R$ 1 bilhão em infraestrutura e rede este ano.
Todas as operadoras tiveram acesso ao estudo da firma britânica com antecedência.

 

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